Este artigo é construído em três etapas: a primeira é predominantemente conceitual e as outras duas são fundamentadas em pesquisa etnográfica (offline e online). Em um primeiro momento, discute-se o conceito de “comunidade”, situando-o nos debates sobre mídia e cidade. Dessa forma, mesmo reconhecendo que as mídias digitais permitem que os cidadãos adotem dinâmicas de localidade mais fluidas, o objetivo é demonstrar que as comunidades urbanas continuam ocupando um lugar de destaque nos debates sobre cidades mediadas. Em seguida, este estudo aborda o lugar que as práticas midiáticas ocupam na constituição de comunidades como as favelas, analisando um estudo de caso, o da escuta da rádio de poste em um bairro popular em Salvador. Finalmente, o artigo revela como ativistas de favelas no Rio de Janeiro utilizam as redes sociais como infraestruturas comunicacionais urbanas, exercendo um papel fundamental nas vivências e sobrevivências da Maré. Dessa forma, o artigo analisa as maneiras como iniciativas comunitárias offline e online representam recursos simbólicos e materiais aplicados a vidas cotidianas estruturadas pela desigualdade.
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